Servidores do Executivo voltam a ameaçar governo com greves
Representantes de carreiras do topo do funcionalismo público do Executivo se reuniram nesta quinta-feira, em Brasília, para definir o calendário e a pauta de negociações salariais com o governo. A greve está entre os planos das categorias.
Estiveram presentes na reunião porta-vozes dos delegados da Polícia Federal, dos auditores fiscais da Receita e do Trabalho e dos funcionários do CGU (Controladoria Geral da União) e da AGU (Advocacia Geral da União).
O governo terá até abril para negociar com os trabalhadores, que pretendem intensificar o rigor das fiscalizações e fazer greve, em última instância.
"O governo acaba incomodado com a fiscalização, porque a população começa a reclamar de demora nos atendimentos, de aumento no número de empresas auditadas, por exemplo. É uma forma de criar pressão", informou o delegado Marcos Leôncio, diretor da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal).
As principais reivindicações dos funcionários são reposição inflacionária dos salários, política salarial fixa e equivalência de tratamento entre o funcionalismo dos três poderes.
"Hoje tem edital do Senado em que o nível médio ganhará mais do que o inicial em muitas carreiras de nível superior do Executivo. Essa brutal diferença é um dos grandes motes dessa campanha", afirmou Leôncio.
O encontro entre os representantes, que já estava marcado desde 2011, coincidiu com a morte do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, principal interlocutor entre o governo e os funcionários.
Duvanier faleceu de infarto do miocárdio na madrugada desta quinta-feira (19). O corpo foi velado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília. O sepultamento ocorrerá amanhã à tarde, no Cemitério de Congonhas, em São Paulo.
Com a notícia, há um clima de indefinição e expectativa sobre quem irá substituir o secretário. Interinamente, o responsável pelo setor é a secretária-adjunta Marcela Tapajós.
Sem Duvanier como mediador, os representantes das carreiras pretendem buscar apoio político para pressionar o governo. Já contam com a adesão do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), líder do partido na Câmara, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), relator do orçamento.
"Eles se manifestaram para facilitar a relação governo-classe. São lideranças que têm acesso ao governo. Queremos que o governo e a presidência fiquem sensíveis à necessidade de se negociar", disse o delegado.
Estado de S. Paulo
Servidores públicos se mobilizam e ameaçam greve geral
Depois de um ano de muita negociação com o governo Dilma e nenhum reajuste salarial, o funcionalismo público federal decidiu se unir já no início deste ano e ameaça o governo com uma greve geral, caso as conversas nesse sentido não avancem. Reunião entre lideranças sindicais nesta quinta-feira, 19, pode definir como as reivindicações serão feitas e quais categorias devem aderir.
Com a perspectiva de que 2012 seja mais um ano de orçamento apertado, sem aumentos para a categoria, os servidores vão aguardar até março para receber alguma sinalização positiva por parte do governo. Caso contrário, o funcionalismo, dessa vez, promete jogar duro.
"Dessa vez, não vamos esperar o fim do prazo legal para o envio de reajustes ao Congresso, em agosto. Não seremos enrolados de novo", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), Pedro Delarue, que reuniu nessa quarta-feira, 18, em Brasília, analistas de todo o País para discutir a estratégia de mobilização.
Segundo ele, a defasagem salarial da categoria é de 15%. "Se sentirmos que o governo quer protelar a negociação, fingir que ela não aconteceu, vamos entrar em greve. Nosso deadline é fim de abril, começo de maio", disse. Embora ainda seja uma possibilidade, o Sindreceita pretende começar a recolher verba extra já em fevereiro para o fundo de greve.
Nesta quinta-feira, 19, a reunião será mais ampla e incluirá representantes dos auditores fiscais do trabalho, delegados da Polícia Federal (PF) e advogados e procuradores da Advocacia-Geral da União (AGU). A intenção é que o movimento inclua também servidores de carreiras típicas do Estado, como do Banco Central (BC), Tesouro Nacional e agências reguladoras.
"Os delegados da Polícia Federal estão juntos nesse embate", afirmou o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo, Amaury Portugal. De acordo com ele, a defasagem salarial da categoria, até 2011, era de 14,7%, mas se ampliou neste ano e gira em torno de 20% a 22%.